Depois de cinco anos sem fazer novelas, a atriz Adriana Esteves retorna aos folhetins

Nos últimos 5 anos, Adriana Esteves frequentou os estúdios do Projac, na Globo, para fazer trabalhos bem pontuais. Com roupas estampadas, maquiagem sutil e entregue ao humor rasgado de Miguel Falabella, ela deu o tom para a dona de casa Celinha, do seriado Tomá-Lá-Dá-Cá. Da comédia escrachada, foi revirar escritos e vídeos da era de ouro do rádio, das décadas de 30 e 40. Teve de ganhar 5 quilos a mais (a atriz, de 1,62m, foi de 50 para 55 quilos) para viver a cantora Dalva de Oliveira, na minissérie Dalva & Herivelto, em janeiro do ano passado.

Nove meses depois, Adriana virou uma das dez musas da minissérie As Cariocas, dirigida por Daniel Filho. A gora, depois de 5 anos sem fazer novelas – seu último folhetim foi A Lua Me Disse (2005), de Miguel Falabella –, ela estará de volta em Morde & Assopra, próxima trama das sete da Globo, assinada por Walcyr Carrasco e com estreia marcada para o mês que vem. Aos 41 anos, Adriana se diz feliz na vida pessoal e realizada em seus 22 anos de carreira, em que fez 18 trabalhos na TV, entre novelas e minisséries.


Dois dos seus personagens mais marcantes (veja abaixo) são sua primeira protagonista – a Marina de Pedra sobre Pedra (1992), filha da personagem de Renata Sorrah – e a vilã Sandrinha de Torre de Babel (1998), papel pelo qual recebeu o prêmio de melhor atriz da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). A realização se estende também à vida particular. “Não trocaria minha vida por nada”, diz ela, há 7 anos casada com o ator Vladimir Brichta, 34, com quem teve Vicente, 4 anos, um aficionado por dinossauros. “Ele me ensina tudo”, conta a atriz, que, na nova novela, viverá uma paleontóloga. O casal também cuida de Agnes, 13 –filha do relacionamento de Brichta com a cantora Gena, já falecida –, e Felipe, 11 – fruto do primeiro casamento de Adriana, com o ator Marco Ricca. 

Durante a gravação de Morte & Assopra que o JT acompanhou, em Marília (SP), Adriana Esteves mostrou que tem se esforçado para levar ao ar um bom personagem. No mês passado, por exemplo, superou o medo de avião para encarar 24 horas de voo até o Japão, onde foram gravadas cenas da novela. E ela ainda garante que não se desliga dos filhos. Confira:

Você está aqui, debaixo de um calor de 35 graus, gravando no cafezal. Tem familiaridade com o campo?

Não. Eu sou bem urbana. Totalmente da cidade. Quando venho para essas situações, fico quietinha. Não fico me aventurando, pulando na lama…

Por que fez a viagem de carro?

Não gosto de avião. Quando fomos gravar no Japão, foi mais fácil. Tomei um remédio e apaguei.

Conhecia algo sobre paleontologia?
Nossa! Isso é totalmente novo para mim. Estou estudando esse assunto desde que fui chamada para fazer a novela, em agosto. Até conheci uma paleontóloga que me inspira um pouco. Estou gostando de ver a paixão que esses profissionais têm pelo fóssil.

Você tem três filhos, e criança geralmente gosta de dinossauros…
O meu pequeno (Vicente, 4 anos) é apaixonado por dinossauros. Já o meu maior (Felipe, 11) sempre gostou de bola, carrinho. O Vicente me apresenta tudo de dinossauros. Ele fala: “Mamãe, vem cá. Vamos estudar!”. Ele sabe o nome de todos, sabe as características das espécies, se é herbívoro, se é carnívoro, se tem garras.

Quando você precisa viajar, com quem ficam as crianças?
Hoje, eles estão com o Vlad (Vladimir Brichta, marido dela). Dá um aperto no coração, mas sempre trabalhei muito. Existe algum milagre em nós, mães, que conseguimos conciliar tudo.


Você se cobra para ser uma excelente profissional e mãe?
Olha, a verdade é que eu não me cobro. Eu não faço esforço. Para mim, tanto é um prazer trabalhar como cuidar dos meus filhos. Eu amo ter de levar as crianças ao médico. Amo a minha função de mãe. Eu sou brava quando preciso ser, mas sou apaixonadíssima. Sou bem o nome da novela, Morde & Assopra. Eles têm regras, têm horários, mas eu sempre falo que eles são deslumbrantes. A gente já teve vontade de ter mais um, sim. Mas, agora, vamos ficar só nos três.


Você tem preferência de fazer o telespectador rir ou chorar?
Um grande barato na minha vida é poder fazer trabalhos diferentes. Quase na mesma época, eu fiz Dalva & Herivelto e Toma Lá Dá Cá. E deu certo. Fui descobrindo essa minha versatilidade. E isso me torna uma atriz mais corajosa para me atirar em tudo. Essa nova novela é comédia. Mas pela primeira vez vou fazer ação. Estou até vendo filmes do gênero e me espelhando em atrizes que fazem longas de ação, como Sandra Bullock, Angelina Jolie, Jennifer Aniston. Sou muito feliz profissionalmente e emocionalmente. Gosto da minha vida. Não queria outra vida de jeito algum.

Gosta da correria que a novela impõe na vida do ator?
Eu não fazia novelas havia 5 anos. Mas tem um lado que gosto muito, que é o fato de que, durante uns oito meses, você faz parte daquela equipe, daquela rotina. Como sou uma pessoa que tem necessidade de segurança, a novela me dá esse prazer. Ao mesmo tempo, trabalha-se muito. A minha vida com os meus filhos tem de ser bem estruturada, para ninguém sofrer porque a mamãe está trabalhando muito.


Fonte: Jornal da Tarde